Essa é, com toda certeza, a separação mais dolorosa da minha vida.
Você me entregando a sua chave de casa, levando consigo todas as coisas tuas... A casa ficou tão vazia. Os quartos. A sala. A cozinha. O guarda-roupas. O quintal. Os banheiros. E o meu peito. Eu não posso explicar o tamanho do vazio que se abriu em meu peito.
Eu fico imaginando a falta que você vai fazer aqui, e é inimaginável. Não dá pra mensurar. Não dá pra dizer a dor que eu sinto em pensar em não te ver mais quando eu chegar de um dia horrível lá fora, e não te tiver aqui pra me perguntar se eu estou bem. E não te ter aqui pra reclamar da minha cara feia, ou de mim trancada no quarto quase o tempo todo. Eu ficava mesmo. Mas você vir aqui, toda hora abrir a porta, perguntando se eu iria comer, ou abrindo a porta só pra me olhar mesmo... Era, sabe? Maternal. E nada substitui isso.
Eu sei que a gente vai continuar se vendo. E que agora eu tenho uma nova casa. Mas, eu não sei se consigo lidar com esse vazio. É amplo demais. É sem você demais. E você era tudo aqui. Você era a alma dessa casa. Sempre foi. Por mais que você não entendesse isso.
Eu nunca aceitei bem perder as coisas na minha vida. Eu sou o tipo de pessoa que não sabe aceitar perdas. Não sabe lidar muito bem com mudanças. Eu lembro de certa vez na minha infância, quando perdi uma pulseirinha que gostava muito, eu fiquei extremamente frustrada. E não sabia aceitar que eu tinha simplesmente perdido aquilo. Eu gostava tanto! E estava ali, sempre que eu quisesse usar, então, de repente desapareceu. Eu poderia comprar outra, mas eu queria aquela. E procurei em todos os lugares do quarto, mesmo sabendo que ela não estava em lugar nenhum. Eu procurei incansavelmente, com esperanças infindas. Não encontrei. Fiquei triste. Sonhei algumas vezes que achava ela, sem querer, em algum lugar... E era só uma pulseira! Então não preciso nem explicar o que ocorre quando perco pessoas. Quando pessoas que estão todos os dias aqui, se vão. Pode não ser pra sempre, pode não ser uma perda total. Mas as coisas mudam muito com uma mudança pequena. Tudo muda. E eu não posso aceitar. Não me peçam pra aceitar isso, porque eu não posso. Eu não posso aceitar que o tempo, ou a distância, ou a vida me tire as coisas que amo. Porque eu não sei perder. Não sei! E não saber não tem conserto. Não saber não tem solução. Podem dizer que é o melhor, que no futuro eu vou olhar pra trás e perceber o porquê das coisas terem seguido esse rumo, mas isso não me consola. Isso não facilita. Isso não traz de volta.
Eu quis não te deixar ir, só Deus sabe como eu quis te abraçar e implorar "fica, fica porque eu preciso de você". Porque eu preciso mesmo. Mais que do que de todas as outras pessoas que eu nunca soube deixar ir. Você é tudo que eu tenho, aliás, você é a única coisa que eu tenho na vida. E só por isso eu me calei. Eu te ajudei a levar as malas. A ir embora. A me deixar aqui, SÓ. E puta que pariu, só agora eu sinto de verdade o que é ser só. Mas eu tive que te deixar. Porque eu te amo tanto, mas tanto, que eu só quero te ver bem, nem que pra isso eu precise ficar longe de você. Mais que tudo nessa vida, eu só quero te ver bem, eu só quero que você seja feliz. O ser humano mais feliz do mundo. Por tudo. Porque eu só existo por tua causa, e pra você, só pra estar aqui te desejando, com todas as forças do meu ser, felicidade e paz. Obrigada por tudo, pela minha vida, e pelo que eu sou, eu devo TUDO à você.
More than anything I want to see you, girl
take a glorious bite out of the whole world.
terça-feira, 23 de julho de 2013
quinta-feira, 18 de julho de 2013
A gente precisa se libertar;
eu disse, sem pensar direito no que estava dizendo. E ela se aproveitou da minha deixa para começar a falar. Mas eu já sabia e a interrompi, não queria falar sobre aquilo, não naquele momento. A vida andava sendo meio rude nos últimos dias, e meus olhos inchados estavam ali para reforçar. Mas ela já sabia que eu sabia, não ligou pra minha interrupção e continuou. Por um momento pensei que seriam as mesmas palavras de todas as outras vezes, e ela me veio com isso...
A gente não pode conter o choro quando é pego de surpresa por uma verdade doída e incontestável. Apenas coloquei os óculos, me virei para a janela e deixei as lágrimas escorrerem. Não era raiva. Nem uma tristeza que corroesse o peito e me fizesse ter vontade de gritar e lutar contra, se por acaso eu tivesse forças para lutar contra algo. Era a verdade. A simples e pura verdade, que a gente procura evitar a todo custo, sempre. Então fiquei escutando ela falar. Queria contestar, queria brigar e dizer que ela estava errada, que não podia nem devia fazer isso, que essa não seria a atitude certa a se tomar, (como das outras vezes) mas não pude. Porque era sim, a atitude certa a se tomar, e as coisas são mesmo assim, conforme ela dizia. Como eu poderia impedi-la de fazer por si o que eu mesma fiz por mim?
Às vezes a gente precisa se libertar, dos outros. Pra que então, possamos amar direito. Pra que a gente se machuque menos, e machuque menos a pessoa que a gente ama...
Foi isso que ela disse dessa vez. E o que poderia anular o efeito disso?
Foi o que eu fiz dessa vez, também.
Parece, às vezes, que, só gostar de alguém não é motivo o suficiente pra que fiquemos juntos. Só querer estar junto não é forte o suficiente pra fazer dar certo. Só admiração, não é o principal, o indispensável.
Às vezes a gente gosta, muito, a gente quer, muito. A gente admira, de mais. Mas a gente não se respeita, a gente não se encontra, não tem sincronia. Um anula o outro. E acaba que amar faz mal. Muito mal. Estar junto faz mal.
O porquê disso? Deus, como eu gostaria de saber! Mas é assim, a vida é estranha. Às vezes você precisa amar de longe, pra amar melhor. E dói, dói saudade. Mas a gente precisa entender que é melhor.
Eu demorei pra entender por mim, mas por fim compreendi, e não posso fingir não compreender por ela.
Mais uma vez, fará chorar. Mas vai ser o melhor, não é? Espero que sim.
Estou do teu lado.
A gente não pode conter o choro quando é pego de surpresa por uma verdade doída e incontestável. Apenas coloquei os óculos, me virei para a janela e deixei as lágrimas escorrerem. Não era raiva. Nem uma tristeza que corroesse o peito e me fizesse ter vontade de gritar e lutar contra, se por acaso eu tivesse forças para lutar contra algo. Era a verdade. A simples e pura verdade, que a gente procura evitar a todo custo, sempre. Então fiquei escutando ela falar. Queria contestar, queria brigar e dizer que ela estava errada, que não podia nem devia fazer isso, que essa não seria a atitude certa a se tomar, (como das outras vezes) mas não pude. Porque era sim, a atitude certa a se tomar, e as coisas são mesmo assim, conforme ela dizia. Como eu poderia impedi-la de fazer por si o que eu mesma fiz por mim?
Às vezes a gente precisa se libertar, dos outros. Pra que então, possamos amar direito. Pra que a gente se machuque menos, e machuque menos a pessoa que a gente ama...
Foi isso que ela disse dessa vez. E o que poderia anular o efeito disso?
Foi o que eu fiz dessa vez, também.
Parece, às vezes, que, só gostar de alguém não é motivo o suficiente pra que fiquemos juntos. Só querer estar junto não é forte o suficiente pra fazer dar certo. Só admiração, não é o principal, o indispensável.
Às vezes a gente gosta, muito, a gente quer, muito. A gente admira, de mais. Mas a gente não se respeita, a gente não se encontra, não tem sincronia. Um anula o outro. E acaba que amar faz mal. Muito mal. Estar junto faz mal.
O porquê disso? Deus, como eu gostaria de saber! Mas é assim, a vida é estranha. Às vezes você precisa amar de longe, pra amar melhor. E dói, dói saudade. Mas a gente precisa entender que é melhor.
Eu demorei pra entender por mim, mas por fim compreendi, e não posso fingir não compreender por ela.
Mais uma vez, fará chorar. Mas vai ser o melhor, não é? Espero que sim.
Estou do teu lado.
segunda-feira, 15 de julho de 2013
escrito em algum dia de Maio
Vou aproveitar o gosto
no fundo da minha língua,
reincidente em minhas papilas,
vou aproveitar o cheiro tão
singular, reconhecível por
mim como o odor da caça
nas narinas do caçador, que
ficou na última roupa
que usei pra te encontrar.
Vou aproveitar o riso, o mais forte
o mais gostoso de todos eles.
Vou aproveitar a sensação de
pele
Os arrepios.
Vou aproveitar o suor pegajoso
no meu busto.
Vou aproveitar cada dia gasto
cada filme visto,
e os não vistos
e o cheiro úmido da mata
no caminho pra tua casa.
Vou aproveitar as ruas calmas
da tua cidade, sempre vazias
que pareciam ser cenário de
um filme de suspense, dos mais tediosos.
O vento que entrava pela janela.
Vou aproveitar o tempo
que não existiu,
não importa quantas vezes eu perguntasse
pelas horas.
A minha imagem irritante
que se repetia
no espelho, logo na entrada,
me questionando
"por que diabos você está aqui
de novo?"
Vou aproveitar os teus
olhares, indubitavelmente
intransponíveis
olhares que sempre me barraram,
que eu nunca os soube interpretar.
E o não.
Que nunca fora um sim. Mas sim,
incerteza.
Pra tecer o meu poema.
no fundo da minha língua,
reincidente em minhas papilas,
vou aproveitar o cheiro tão
singular, reconhecível por
mim como o odor da caça
nas narinas do caçador, que
ficou na última roupa
que usei pra te encontrar.
Vou aproveitar o riso, o mais forte
o mais gostoso de todos eles.
Vou aproveitar a sensação de
pele
Os arrepios.
Vou aproveitar o suor pegajoso
no meu busto.
Vou aproveitar cada dia gasto
cada filme visto,
e os não vistos
e o cheiro úmido da mata
no caminho pra tua casa.
Vou aproveitar as ruas calmas
da tua cidade, sempre vazias
que pareciam ser cenário de
um filme de suspense, dos mais tediosos.
O vento que entrava pela janela.
Vou aproveitar o tempo
que não existiu,
não importa quantas vezes eu perguntasse
pelas horas.
A minha imagem irritante
que se repetia
no espelho, logo na entrada,
me questionando
"por que diabos você está aqui
de novo?"
Vou aproveitar os teus
olhares, indubitavelmente
intransponíveis
olhares que sempre me barraram,
que eu nunca os soube interpretar.
E o não.
Que nunca fora um sim. Mas sim,
incerteza.
Pra tecer o meu poema.
fui um copo
Me doeu um pouco pensar agora, ao ouvir essas músicas intituladas como "sentir-se bem", que sempre me remetem a algum momento no qual eu, de fato, me sentia bem ao ouvi-las. Foram várias as vezes, e de vez em quando eles caem no assoalho da minha memória, sabe-se lá de onde, sabe-se lá por que, mas caem fazendo estrondoso barulho.
Tudo para, e eu revivo aquele momento. O carro, a estrada, duas ou três horas da manhã, e a gente fazendo o que você sabia fazer de melhor, nos sentindo bem. Você cantava e dançava enquanto dirigia, e eu não conseguia me mexer, só te observava e ria, com uma necessidade enorme de registrar aquele momento, pra poder fazer isso que faço agora, lembrar minuciosamente, de cada detalhe, cada sensação.
Mas o curta de nós dois não dura muitos minutos, então a lembrança se dissolve como fumaça... E fica só a música, e o não sentir-se tão bem, dessa vez. E eu me pergunto: por que temos de ser descartáveis na vida das pessoas? Por que temos todos esses momentos bons compartilhados, e depois, sem mais nem menos, nos tornamos um não-sei-o-quê-mas-não-faz-diferença a ser evitado? A gente quase se conheceu, e aí... Fim de linha. Acabou. Você é você, eu sou eu, e aqueles lençóis que secaram o nosso suor, eles não podem dizer que são testemunhas de nada. E as palavras que usamos um com o outro, bem, elas não podem falar sozinhas. Nada foi sólido. Nunca será. E a gente pode simplesmente seguir e dizer quando falarem nossos nomes "ahh, sim, conheço" da mesma maneira que falamos daqueles que vimos na rua, uma vez. Que coisa terrível de se dizer, mas é verdade. Me sinto feita de plástico, usada e jogada fora... Como um copo descartável mesmo. Fui pouco mais que um copo na sua vida, com a diferença de que eu não posso ser reciclada. Eu vou remanescer aqui, poluindo o ambiente.
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