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terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Fiz as pazes com a vida

O céu está tão estrelado esta noite, uma noite magnífica... Estou cá em minha janela, como de costume, saboreando um dos meus últimos cigarros. Queria poder gravar a imagem desse céu, queria lembrá-lo para sempre, ou pelo menos, ficar aqui a admirá-lo interminavelmente. Mas esse momento, como todos os outros na vida, não vai durar muito, é lindo mas terá de acabar para dar lugar ao brilho reluzente do sol, e então virão outros, diferentes, talvez até parecidos com este, talvez não tão belos mas outros, preenchidos por outros sentimentos e terão outros gostos, outros cheiros, por fim outra eu os estará admirando com um novo olhar...
As coisas tem dado bem erradas na minha vida esses dias, mas como dizem, algumas coisas precisam dar errado para que tudo se acerte como deve ser.
Meu coração se esvazia a cada dia, me sinto tão mais leve agora. Não que tenha sido essa a leveza pela qual tanto esperei... Minha maior pretensão nunca foi deixar de amar e me tornar vazia como já fui tantas outras vezes na vida, mas sabe... É bom olhar esse céu sem ser através de olhos embaçados, sem ter um nó na garganta, sem ter um peso sobre minhas costas que eu mal possa suportar, e é bom respirar com essa leveza...
Me sinto avançar de novo em direção à um horizonte desconhecido, estou de pé, acima de tudo que tem dado errado. Estou caminhando sob os destroços.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Something good after you

É incrível como só consigo notar que estava feliz depois que o momento já está fora do meu alcance. Eu lia uma estória, quando notei.
Eu vivi algo belo recentemente. Tive dias de terna alegria, ao lado de alguém cujo qual me fazia sentir também muito à vontade, fui cativada, por todos os nossos dias agradáveis um ao lado do outro... Eu consegui mais uma vez ser quem sou. E ele sempre me fez sorrir, independente de como eu me sentia no dia, e eu o fazia rir também. Foi mútuo e belo o que tivemos, nós nos fazíamos bem sem cobrança, sem envolvimento demais, sem querer controlar um ao outro... Nós éramos livres, porém, estávamos juntos. Nunca houve exclusividade, nem brigas, nem disputas, ele era o suficiente pra mim e eu suficiente pra ele, sem ser necessário nenhum tipo de imposição. E acabou, naturalmente, faz poucas semanas, ou um mês talvez. E é incrível como a lembrança dos dias bons não incomodam... E como acabou sem parecer um fim, sem causar dor, sem uma separação cheia de traumas, sem se fazer necessário um adeus ou um "não quero mais"... Só acabou.
Por que todas as coisas não são assim, simples? Por que há coisas na vida ou pessoas que não aceitamos deixar partir nunca? Por que algumas lembranças boas doem? Por que? Por que alguns finais precisam ser tão tristes? Por que precisam existir finais como pontos e não vírgulas? E por que existem coisas que persistem em ficar quando já se passou tanto tempo, e persistem em machucar, por que elas simplesmente não passam, como tudo na vida?

Tudo é muito diferente quando você aprende o que é amar alguém...

"Os homens - disse o pequeno príncipe - embarcam nos trens, mas já não sabem mais o que procuram. Então eles se agitam, sem saber para onde ir. E isso não leva a nada..."
Eu já havia lido Antoine de Saint-Exupéry algumas outras vezes quando pequena, mas vê-se as coisas muito diferentes quando já se amou alguém, quando já se foi cativado, quando se compreende o que é o amor... "Tu, porém, terás estrelas como ninguém nunca as teve..."
E então, desta vez, a linda história que sempre me arrancou lágrimas fez ainda mais sentido... E me consolou (a gente sempre se consola) rs.
"O sentimento do irremediável me fez gelar de novo. E eu compreendi que não poderia suportar a ideia de nunca mais escutar aquele riso. Ele era para mim como uma fonte no deserto.
- Meu caro, eu quero ainda escutar o teu riso...
Mas ele me disse:
- Faz já um ano esta noite. Minha estrela estará exatamente sobre o lugar aonde cheguei no ano passado...
- Meu caro, essa história de serpente, de encontro marcado, de estrela, não passa de um pesadelo, não é mesmo?
Mas ele não respondeu à minha pergunta. E disse:
- O que é importante não se vê...
- Sim, eu sei...
- É como com a flor. Se tu amas uma flor que se acha numa estrela, é bom, de noite, olhar o céu. Todas as estrelas estarão floridas."
"Já se passaram seis anos [...] Agora me conformei um pouco. Mas não completamente."
"A gente corre o risco de chorar um pouco quando se deixou cativar..."
Define meu dia e traduz melhor musicalmente o post anterior...

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Tropeços

Eu dou sempre dois passos à frente e três pra trás... É incrível mas nunca consigo me manter de pé por muito tempo, eu tropeço, levanto, e quando penso que já me equilibrei eu apenas tropeço mais uma vez :/
Eu queria me manter estável, eu queria achar forças em algum lugar pra me segurar firme, mas eu nunca encontro, só encontro mais pedras e pedras no meu caminho. Talvez eu só esteja seguindo o caminho errado, mas qual seria o certo? Eu não encontro luz em nenhum dos rumos que olho, eu só vejo escuridão. Estou sempre fazendo escolhas erradas, e até mesmo quando evito escolher, eu erro. É sempre assim, um erro atrás do outro, e todos esses erros tem como consequência a regressão. Eu não consigo mais progredir. Estou tão cansada, tão cansada de tudo.
Eu não sei em que parte eu deixei o meu pedaço imprescindível, eu não sei em que parte deixei minha consciência, a minha capacidade de ser feliz, eu não sei em que parte eu fiquei, só sei que não estou mais aqui, eu me perdi tantas vezes, em tantos lugares, que não sei mas nem como e nem onde me achar. Eu não sei sequer o que eu quero...

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Eu gosto de janelas

Eu gosto de lacunas. Gosto de observar de dentro o que se passa de fora, e de observar de fora o que há por dentro.
Eu gosto de saídas de escape. Gosto de lugares em que se possa entrar, seja qual for a maneira.
Eu gosto de observar sem ser vista. E gosto de ficar admirando em silêncio.
Eu gosto do olhar afastado de quem deseja, sem poder.
Gosto de quadrados e retângulos, e dos números pares de seus lados correspondentes.
Eu gosto de descobrir o que existe do outro lado das janelas, e gosto de fechar janelas, e de ver através delas.
Gosto da visão única que se tem das janelas, essas visões que ficam marcadas em nossa memória, como um último adeus, uma última olhada.
Pode não parecer importante, e pode ser apenas mais uma das coisas que eu amo, tratando-se de você. Mas ainda assim preciso dizer, sempre amei suas janelas.

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Esse post eu dedico ao menino Regis, como prometido, demorei um pouco, mas cumpri ♥ Obrigada por me honrar com tua leitura!

talvez isso defina a minha paz

"... eu gostaria de me deitar ao teu lado, às duas da manhã, quando já não houvessem mais frequentes transeuntes à nos incomodar. Deitaríamos sob um céu estrelado e observaríamos as estrelas, uma à uma. Dividiríamos um cigarro e conversaríamos de forma agradável - não uma daquelas conversas que temos quase que por obrigação com semi-conhecidos, nas quais se dizem coisas sempre óbvias e inúteis apenas para que se abafe o incômodo do silêncio, que constrange ao invés de acolher. Mas algo íntimo o suficiente para que se partilhem palavras que fluem de uma parceria entre o cérebro e o coração, com uma facilidade quase natural - daquelas conversas, sabe, em que quando houver silêncio, ele não incomode.
Como aqui não existem muitos gramados nos aninharíamos em qualquer quadrado de concreto mesmo, e se ventasse forte nos aqueceríamos mutuamente. Poderíamos rir, refletir, dar um tempo um para o outro para filosofias íntimas - essas que se pensam com o âmago, e que tentam escapar por entre os lábios, impedidas por um sensor de segurança devido serem extraordinárias demais para que palavras sejam idôneas de transmiti-las ao mundo - e o mais importante, nos sentiríamos simples e unicamente confortáveis em nossas companhias, como se estivéssemos mais uma vez em casa, mais uma vez em nosso próprio universo paralelo."

Dedico ao Raul <3