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segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Muted whisper of the things you feel.


Tem um gosto ruim. Tem um péssimo gosto. Aquele gosto horrível de comer doce quando se quer algo salgado. Aquele gosto amargo de fazer, por ter que fazer, e gostar, sem querer.
Ser contrário à você.
Virar tudo do avesso. E fazer, pra tentar se salvar. E tentar se salvar, tentando fugir. E conseguir, mas saber que é ilusão, e que esse montinho de ilusões empilhadas, um dia desaba sobre você e tudo volta ao princípio, à origem.
E você mente para si, todos os dias, para não voltar. E não volta para não sofrer. Não sofrer, porque amar dói, a dor mais perene e prazerosa, que se torna um vício, e vícios... Vícios matam (amor). E esta morte me separaria de você definitivamente, sem direito a esperanças imortais.
Eu não queria. Eu nunca quis nada além. Não, não a partir do momento que enxerguei o que eu queria acima de tudo, a partir do momento em que visualizei o tesouro daquele mapa antigo que eu sempre analisava. O verdadeiro. O autêntico, que não precisava de nada mais além de ser, puramente, o que era. E todos os defeitos tornavam-se as mais belas de todas as qualidades...
A partir daí eu não quis mais nada. Não desejei pífias novas experiências. Pra que eu desaria o novo, se eu tivesse, sem dúvida alguma, o melhor, dentre todos os jamais experimentados?
Mas ele gosta de mim. (Eu não tenho você) Ele se importa, e me quer por perto. (Você, eu não sei por onde anda) Ele é tão divertido. (Você não me procura, você foge de mim) Ele me distrai bem. (Mas eu continuo pensando em você quando estou com ele) Mas sabe qual a melhor qualidade dele? Ele se parece tanto com você. E é só por isso, apenas por esse motivo bobo que estou com ele.


sábado, 19 de novembro de 2011

A casa está uma bagunça;



Entre. Fique à vontade, abra a geladeira se for de seu desejo. Pode levar contigo o que quiser quando for embora - todos sempre se vão, e não é apenas por um interstício de tempo, nunca é - bem, isso se ainda houver aqui algo que se queira.
Me levanto todos os dias e não há mais ninguém aqui dentro, conjecturo que devo ter dormido só. Sempre olho através da janela, mas nunca há beleza lá fora que me faça mudar, que me dê ânimo para arrumar todas essas coisas. Vazio. Ao meu redor as coisas se espalham, os sapatos, todos eles estão jogados em estado de entropia pelo chão, e dividem esses poucos metros cúbicos com mochilas, algumas peças de roupas, papéis de origens distintas; garrafas de cerveja se empilham nos cantos - onde algumas vezes, acidentalmente, repousam também algumas cinzas de cigarro - às vezes minha mãe as retira, às vezes não.
Meus livros dispersam-se por todas as superfícies elevadas, cômodas e mesas de estudos, e sujam-se; centenas empilhados, assim como se empilham meus planos de estudo, meu peso na consciência e as coisas que tenho por fazer...
Há sempre alguns copos com água aqui também, alguns já vazios, eu os trago para auxiliar na ingestão de alguns remédios, e sempre esqueço de levá-los de volta. Meu pai costuma reclamar. Ele reclama também da bagunça que está a minha vida, da falta de compromisso que tenho tido para com as coisas, da desordem da minha cama, ele me disse que eu deveria arrumá-la diariamente, mas costumo dormir sob vários objetos, por desleixo ou por pura embriaguez.
Bem, no fundo eu concordo com ele, concordo que eu deveria ajeitar toda essa desordem que ando levando minha vida, é verdade. Mas simplesmente não me restam mais forças, e tudo isso é apenas reflexo, de um dos ângulos, de como as coisas tem sido aqui por dentro, e eu não tenho como mudar... A felicidade às vezes transpassa essa porta, mas ela entra, e quase simultaneamente, me deixa. Todo o tempo. E só quem permanece aqui dentro comigo é a solidão, amor, que vez ou outra traz consigo a saudade e a tristeza.

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

today, i'm not myself at all


16:03 - BREAK. Recolhi minhas coisas e rapidamente as lancei desorganizadamente dentro da bolsa. Fui umas das primeiras a deixar a sala.
O sol do lado de fora fazia-se acolhedor, mas a claridade machucava meus olhos. Sentia-me flutuar, não parecia estar em mim mesma, não totalmente.
Já me sentia acolhida pela sombra das árvores quando deixei cair acidentalmente um papel, ainda correu-me pelo pensamento parar para pegá-lo, mas não poderia ser nada de importante. Pássaros cantavam nos arredores, em tom alegre - como eles costumam fazer em dias ensolarados que vêm após alguns dias de chuva - fazendo os sentimentos interiores da gente dançarem...
Atravessava a pista calmamente, quando avistei um Fusca amarelo, era um carro personalizado, mas não pude observá-lo melhor pois ele estava coberto com uma daquelas capas que usam como proteção às tinturas dos carros para que não sejam danificadas pelo sol, do modo como minha pele era, naquele exato momento.
Dobrei à esquina. Avistei minha loja de chocolates predileta mais à baixo, na mesma comercial. Sorri, com a alma. Poucas coisas ainda me faziam companhia de modo a aproximar-se tanto da plenitude como meus chocolates e cigarros. E quando se diz poucas, quer dizer-se quase nenhuma.
Adentrei a padaria de todas as sextas à tarde, e pedi, como costumeiramente fazia, meu suco de laranja. Observava, durante o tempo de preparo, as cortinas por trás do balcão, eram brancas e simples, pareciam até mesmo feitas à mão. Tomei meu suco. Sabe, eu sentia uma imensa paz interior, talvez por estar um pouco fora de mim, e quem sabe, não tivesse mais paz sem eu mesma. Sentia-me calma, calma como se ainda o fosse encontrar às 18:30...
Peguei minha comanda. Dirigi-me ao caixa. Saí tomando o caminho oposto para comprar meus chocolates. Aquele lugar tinha cheiro de amaciante, e isso me fazia relembrar do que nunca havia me esquecido... Senti-me não distante de casa, novamente.

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Me i wanted, i wanted, the right time;

                                             
        É apenas mais um dia menina,
        só mais uma semana,
     só mais um mês,
talvez;
    mais alguns anos.
     a vida é só isso, espere
                                        só por mais uma manhã de domingo                     

"Eu cultivo a ilusão. E todos se interessam."

Dia segundo do mês de Novembro;

Está começando um novo mês. Novo, dentre os cinco anteriores que um dia também foram novos.
Dia dos mortos. Cômico, os vivos comemoram. Dia do ano em que todos os atarefados agradecem por existir. Dia de não ter obrigações que transpassem o peso da consciência. Sabe, o dia parece lindo lá fora.
Minha mãe está fazendo faxina, começou então, naturalmente, a reclamar. Eu acabei de acordar e já sei desde agora, antes mesmo de encostar a sola dos meus pés no chão, que brigaremos no decorrer do dia. Meu pai tenta se distrair em frente ao computador, e meu irmão camufla-se em seu silêncio. Queria não precisar nem sequer abrir a porta do quarto pelo restante do dia...
Estamos em Novembro, e eu pensava, até ontem, que tudo tinha ficado para trás nos meses anteriores, doídos e ensolarados. Eu tenho novos horizontes para observar agora, tenho feito coisas melhores dos meus dias, tenho estado com novas pessoas; pessoas que não me lembram você, todo o tempo.
Eu tenho tentado de fato te esquecer... mas ainda me lembro.
Eu até pensei que estivesse me apaixonando por outra pessoa, eu sinto falta dele também; e agora é dele que procuro saber. Quase me apaixonei por uma outra pessoa há uns poucos meses, depois, quase me re-apaixonei pela minha menina, semana passada quase me apaixonei por duas outras pessoas... Mas tudo não passou do plano do quase.
E mesmo com todas essas quase paixões para pensar, mesmo com o coração livre, mesmo com novos lábios tocando os meus lábios, e tantos novos amores para idealizar... Hoje, eu sonhei com você.