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sexta-feira, 22 de junho de 2012

Só o fiz

O barulho de um grilo solitário
em seu cantinho solitário
em algum lugar de um mundo solitário
em um universo solitário
E eu penso no silêncio que faz.

E eu me questiono,
ele sabe o por que de sua guizalha?
Ou o faz, por puro e simples dever?
Todas as noites, sem cessar?
E o agrada cantar?
Tritinar?

A solidão de um cigarro,
uma xícara de café frio,
uma janela,
o zunido do gerador do prédio vizinho,
de um grilo,
o barulho do silêncio da cidade adormecida.
De cada luz apagada.

Canto a minha canção silenciosa,
de uma mente em descanso
que nunca pára seu guizalho.
É vazio. Amplo. Inatingível. 


A gente deve e faz, 
faz porque gosta, 
faz por puro dever. 
Todas as noites, sem cessar. 
E nos agrada?


Mas todas noites eu penso,
porque é quase calmo,
as idéias quase fluem
sem se cruzar, 
se embaraçar, 
se perder, 
sem perceber... 


Quantas vezes não pensei,
e esqueci. 
E quando deveria pensar
e pensei demais,
findei por não pensar,
só senti. 


Às vezes a gente nem sabe o que pensa.
Só o faz.