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terça-feira, 31 de julho de 2012

Amar já está muito mainstream

Preciso de alguém pra encher de carinho,
de beijinho,
de mimo,
pra despejar todo o meu amor,
pra nunca causar dor.

Preciso de alguém pra olhar nos olhos,
ver o mar,
e me acalmar.

Me sentir no meu lugar no mundo.
O único em que eu desejaria estar,
de todo o universo,
meu berço.
Meu canto,
meu acalanto.

Alguém que eu aninharia no meu colo
como o filho que nunca tive.
Alguém para quem eu daria o meu melhor.
Essa tal parte de mim, que já até esqueci de como é.

O ser para o qual eu arrancaria meu coração
e deixaria em suas mãos,
caso ele decidisse me deixar.

Eu quero mais que amar.
Cansei de amar.
Eu quero dar amor!
Preciso de alguém que apenas precise de mim.

domingo, 29 de julho de 2012

Não se desespere, menina. A realidade não pode te engolir.

"às vezes tudo é tão rápido que eu me esqueço que estou ali, vivendo."
Preciso aprender a contar os passos, dar um de cada vez, preciso aprender a ter paciência. Preciso aprender a respirar (pausa), expirar (pausa). Nada é pra ontem. É tudo para se saborear, sentir o aroma, o gosto da primeira mordiscada, o da segunda, já com precedentes do sabor do elemento. O terceiro, o quarto, e assim ir mudando de opinião a cada nuance. Achando mais adocicado, mais amargo, mais azedo quem sabe. Preciso saber saborear cada partícula, cada momento, sem sair atropelando tudo, metendo os pés pelas mãos. Sem medo do gostinho rançoso que fica na boca, como o que deixa um gole antigo de café.  
É isso. Às vezes eu me complico. Me desespero no pensar. Me angustio no sentir. Me perco no raciocínio. Tropeço nos meus passos. Mal consigo respirar. É drama. Coisa de pseudo-poeta, pseudo-filósofo, pseudo-vivente que se perde nas ideologias, que não alcança o ritmo dos giros do mundo. Que se perde quando atravessa o portal do imaginário, mal consegue manter-se de pé nos territórios da realidade. Eu ainda não aprendi a viver no mundo real, essa é a verdade. Eu não sei sentir no mundo real. Eu murcho. E fujo, eu volto correndo pro meu casulo, minha carruagem de abóbora, meu boteco lilás, meu casino com jukebox tocando a trilha sonora do filme "Vivre Sa Vie", do Godard. 
Existe um momento de êxtase, precedido por um longo período de ansiedade e preparação do espírito. Então o momento de êxtase se vai, e é como se o filme continuasse, sem cenário, sem trilha sonora, sem personagens coadjuvantes, é só você e o público. Então você se perde no enredo. Eu me perco. Perco o fio  da meada, mas não deveria. Tudo continua ali, o espaço, o tempo, as possibilidades, e a mente para que se possa construir tudo novamente, do zero. E que se crie um novo cenário. Uma nova trilha sonora. E que a história se desenrole, com adaptações ou não. Mas mantendo-se a calma.

Queria que desse "certo"

Foi o dia em que a gente discutiu? Foi por conta do meu temperamento ruim e do meu alter ego explosivo e aborrecido? Foi o café que estava sem doce ou muito amargo? Foi por causa do meu nervosismo ao pedir remissão? É tudo culpa da minha personalidade dramática, com enorme propensão ao exagero?
Ou foi só por ser eu? Por rir demais quando estou nervosa. Por ser séria quando quero guardar algo pra mim. Por ter lapsos de memória toda vez que tenho a intenção de fazer alguma citação interessante ou apenas dizer algo que vá te agradar. Foi por conta de quê? Por que gosto de usar vestidos? Por que tenho enorme dificuldade em decorar nomes? Por que minha consciência sempre pesa quando jogo lixo no chão? Por que não lembro das coisas? Por que sou prolixa? Por que sempre gaguejo procurando em todo o meu singular campo lexical a palavra que mais se adeque ao que quero expressar?
É por que sou melhor escrevendo do que falando? É por conta das minhas cicatrizes? Por conta do meu humor sem graça, minha lentidão de raciocínio? É por que tenho autoconfiança na ausência dela? É por que sou inexperiente? Por que aprendi a caminhar agora? É por que gosto de mãos? Vamos lá, me diga.
É por conta da minha mania de ficar mordendo a pelezinha que se desprende do meu lábio? É por causa da minha dificuldade em ser espontânea? É por que levo tempo para me sentir confortável na presença de pessoas? Por que só consigo me expressar corretamente com certo nível de intimidade, e por que eu não vejo graça na maioria das coisas que os outros vêem? É por que uso o mesmo pingente de coração de pedra azul há anos? Por que é?
É por que eu gosto muito de literatura? Por que vivo num universo paralelo, num mundinho singular, com unidades individuais de felicidade. É porque meu universo fantástico é funesto, e porque eu adoro essas coisas pra chorar, não é?!
 É por conta da minha introspecção? Das minhas viagens e da minha volatilidade? É por que sou sensível demais? Por que sou indecisa mesmo sabendo exatamente o que eu quero? É por que tenho pudor desnecessário?
É por que no fundo no fundo, mesmo gostando de você, te acho estúpido? E por que ainda assim insisto em ouvir todas as estupidezes que você tem a me dizer? É por que tenho pensamentos paradoxais em excesso? Ou por que não temos nada em comum, afinal?!
É por que não gosto do que gostas? Por que nossos odores se diferenciam? Por que eu espero de mais? Ou por que você esperava mais?
É por que o beijo é bom? É por que sou comedida? Por que me preocupo o tempo inteiro?

É porque eu queria algo mais palpável. Eu queria solidez. Efetividade. Um olhar firme, um sentimento substancial. Um momento ébrio de pura lucidez. Mas e você? Essa é a verdadeira questão. O que você realmente quer?

quinta-feira, 19 de julho de 2012

Escrevi pra ver se assim conseguia chorar, botar pra fora

Eu me sinto no chão. Não, eu não me sinto em lugar nenhum. O solo seria muito pra mim, nele eu me sentiria integrada, me sentiria fazendo parte de alguma coisa. Agora eu não me sinto nada, não me sinto integrada nem ao vazio. Eu me sinto podre. Eu me sinto só. Mais só, mais vazia, mais podre, e mais nada do que nunca. Nem mesmo nos momentos mais difíceis da minha vida me senti assim.
Onde foi que eu perdi o ritmo? Onde foi que eu deixei tudo que eu acreditava? Onde foi que eu me perdi, pelo amor de Deus, eu me preciso de volta. Eu já não consigo mais assim. Onde foi, nesse terreno íngreme e disforme que dentre tantos tropeços ouve um do qual eu não consegui mais me levantar? Eu preciso voltar lá. Preciso parar de rastejar.
Eu não me vejo mais como algo pra ninguém. Eu não me vejo como ninguém. Eu... ?
Eu que sempre tive com quem contar, sempre achei que alguém, alguma alma dessas tantas que existem no mundo me amasse, agora me sinto absolutamente sem amor. Me sinto incapaz de despertar qualquer sentimento bom em alguém.
Eu não tenho ninguém com quem eu possa contar agora. Ninguém que vá me ouvir, ninguém que vá me entender.
Que solidão é essa?
Eu errei, e foram tantos erros que eu nem sei como consertar. Eu estou no lugar errado. Aleatória. Avulsa. Sozinha. E eu não consigo me adequar. Eu só queria saber onde estou errando... Era pra tudo estar perfeito, como há 3 dias atrás, e agora... E agora?

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PS. Algo que você escreve neste estado não pode sair bom, perdoem-me.

quarta-feira, 18 de julho de 2012

some trip

                               

Sentados em roda, perninhas de índio, olhavam o céu, imaginavam formas nas nuvens. Riam como se nenhum dos acontecimentos da vida os pudessem atingir. Brincavam no parque, faziam contato com a natureza. Eram crianças, faziam fumaça com seu novo brinquedo. E riam. E pensavam pensamentos que se perdem com o passar do momento, fugazes, imediatos. Era a infância. Quem é que se lembra o que se pensa quando ainda não se passou da idade dos cinco?
Faziam o caminho de volta pra casa, brincavam de quem chega primeiro, corriam para não ser a mulher do padre, trapaceavam, gritavam de medo, como se um monstro pudesse se esconder em algum lugar - e podia, mas eram inocentes demais naquele momento para temer riscos reais - e riam.
Mas ao chegarem na cidade, ao pisarem no asfalto, ao serem iluminados pelas luzes dos postes, sobriedade lhes era cobrada. Voltavam à si, ou pelo menos, ao que foi feito deles. Seus passos eram sincronizados, suas bocas fechadas, eram quase máquinas. Agiam conforme lhes era requerido, agiam como adultos. E suas sombras de fato se alongavam, como se há muito tempo já tivessem deixado de ser criança. E seguiam, como a sociedade em que viviam lhes exigia... Voltavam para suas rotinas, deixavam de lado sua liberdade, prendiam-se, controlavam-se, mediam seus atos para não fazer o que tinham vontade ou o que, supostamente, não deviam. Mas enquanto andavam rumo ao que nos consome e nos devora, deliciavam-se com as lembranças de um momento incrível, que passava, e não deveria ser lembrado.

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PS. A imagem complementa o texto, embora queiram dizer coisas diferentes. Ela adiciona algo de suma importância que não foi dito.

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Afluência de boas energias

São sentimentos bons em excesso, sentimentos que não tomam forma, sentimentos que não viram palavra, não viram ação. Sentimentos daqueles que ficam presos à garganta, acumulam, lotam o espaço e saem pelos olhos. Não em forma úmida, não... Já não há mais nada de ruim aqui nesse espaço, não cabe, porque é muita coisa boa, e polar não se mistura à apolar. Na verdade saem pelos olhos em forma de luz, luz brilhante que cintila ao encontrar o olhar que a faz amar. Tem tanta coisa boa presa aqui dentro, coisa boa que não tem à quem se entregar, sentimentos bons que não sabem onde podem ser despejados.
Isso às vezes agita o corpo. Inquieta a alma, uma inquietação gostosa, se é que se pode defini-la. Uma inquietação de ansiedade por momentos bons. Uma inquietação por luz, alegria, liberação de energia. A luz já não é mais suportada pelo corpo e quer se exteriorizar, quer se juntar ao chão, ao ar, as plantas, a outros corpos. A luz quer iluminar a escuridão do mundo. Quer encher de amor corações vazios. Quer fazer dançar pés cansados. Quer abrir sorrisos. Quer promover abraços. A luz quer conquistar o mundo. Quer ver belas paisagens, quer se sentir parte de um todo, se juntar ao cosmos, e voltar ainda mais reluzente, e aquietar essa alma pronta e atrasada pra viver!

quarta-feira, 4 de julho de 2012

Eu já disse tudo que tinha pra dizer. Eu já não tenho mais reclamações, desconsolos ou declarações à fazer. O tempo se encarregou de amenizar tudo aqui dentro. Agora eu só tenho impaciência. O tempo já mudou e apagou tantas coisas, só não quero que ele leve consigo até a última faísca...
Então venha amor, reescrever o "eu te amo" que escreveu na janela do meu corredor mas que o tempo já apagou. Venha, que a tintura nova está fresca. Vem que eu já não posso mais esperar.
Às vezes a gente sabe que não é amor. Não. Nem paixão. Às vezes não é nada.
Às vezes a gente só quer ter carinho, dar carinho, a gente só precisa se apegar. Às vezes a gente só precisa olhar pro lado e ver que tem alguém ali, sabe? 
Mas às vezes dá medo, dá medo de se acomodar de novo, dá medo de começar a gostar, dá medo de querer estar mais perto. Dá medo até de não querer largar.
Tem gente que tem o poder de preencher um momento com sua simples presença, preencher à ponto de que, ao tê-la ali, você só à tem, e não pensa em mais nada.
É assim, toda vez que ele chega, de todas as pouquíssimas vezes que chegou. Ele não tem nada de especial, não tem nada que eu goste em específico, ou que me chame atenção e que me faça amá-lo só de olhar. Eu vejo nele defeitos que abomino, e que não são superpostos por qualidades, ele não faz questão. Não é, nem quer ser o meu tipo. O meu príncipe. O dono da minha admiração. Mas tem aquele abraço que dá vontade de se abrigar pra sempre. E aquele beijo que não dá vontade de desencostar os lábios nunca mais. E meu cigarro preferido foi substituído pelo que lembra o gosto do seu beijo, porque ele está longe, e eu gosto de me deleitar em lembranças durante o chá. Lembranças são como curtas em preto e branco, particulares. Seu beijo tem gosto de tabaco, tostado. Gosto rançoso, como diria minha avó. Mas podia ter gosto de qualquer outra coisa, eu ainda iria gostar. 
Sabe, quiçá seja só carência.
E eu nem gosto dele. Mas eu adoro estar com ele, então que ele fique aqui, por perto. Porque nem toda boa história é feita de amor.