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domingo, 29 de julho de 2012

Não se desespere, menina. A realidade não pode te engolir.

"às vezes tudo é tão rápido que eu me esqueço que estou ali, vivendo."
Preciso aprender a contar os passos, dar um de cada vez, preciso aprender a ter paciência. Preciso aprender a respirar (pausa), expirar (pausa). Nada é pra ontem. É tudo para se saborear, sentir o aroma, o gosto da primeira mordiscada, o da segunda, já com precedentes do sabor do elemento. O terceiro, o quarto, e assim ir mudando de opinião a cada nuance. Achando mais adocicado, mais amargo, mais azedo quem sabe. Preciso saber saborear cada partícula, cada momento, sem sair atropelando tudo, metendo os pés pelas mãos. Sem medo do gostinho rançoso que fica na boca, como o que deixa um gole antigo de café.  
É isso. Às vezes eu me complico. Me desespero no pensar. Me angustio no sentir. Me perco no raciocínio. Tropeço nos meus passos. Mal consigo respirar. É drama. Coisa de pseudo-poeta, pseudo-filósofo, pseudo-vivente que se perde nas ideologias, que não alcança o ritmo dos giros do mundo. Que se perde quando atravessa o portal do imaginário, mal consegue manter-se de pé nos territórios da realidade. Eu ainda não aprendi a viver no mundo real, essa é a verdade. Eu não sei sentir no mundo real. Eu murcho. E fujo, eu volto correndo pro meu casulo, minha carruagem de abóbora, meu boteco lilás, meu casino com jukebox tocando a trilha sonora do filme "Vivre Sa Vie", do Godard. 
Existe um momento de êxtase, precedido por um longo período de ansiedade e preparação do espírito. Então o momento de êxtase se vai, e é como se o filme continuasse, sem cenário, sem trilha sonora, sem personagens coadjuvantes, é só você e o público. Então você se perde no enredo. Eu me perco. Perco o fio  da meada, mas não deveria. Tudo continua ali, o espaço, o tempo, as possibilidades, e a mente para que se possa construir tudo novamente, do zero. E que se crie um novo cenário. Uma nova trilha sonora. E que a história se desenrole, com adaptações ou não. Mas mantendo-se a calma.

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