quarta-feira, 18 de julho de 2012
some trip
Sentados em roda, perninhas de índio, olhavam o céu, imaginavam formas nas nuvens. Riam como se nenhum dos acontecimentos da vida os pudessem atingir. Brincavam no parque, faziam contato com a natureza. Eram crianças, faziam fumaça com seu novo brinquedo. E riam. E pensavam pensamentos que se perdem com o passar do momento, fugazes, imediatos. Era a infância. Quem é que se lembra o que se pensa quando ainda não se passou da idade dos cinco?
Faziam o caminho de volta pra casa, brincavam de quem chega primeiro, corriam para não ser a mulher do padre, trapaceavam, gritavam de medo, como se um monstro pudesse se esconder em algum lugar - e podia, mas eram inocentes demais naquele momento para temer riscos reais - e riam.
Mas ao chegarem na cidade, ao pisarem no asfalto, ao serem iluminados pelas luzes dos postes, sobriedade lhes era cobrada. Voltavam à si, ou pelo menos, ao que foi feito deles. Seus passos eram sincronizados, suas bocas fechadas, eram quase máquinas. Agiam conforme lhes era requerido, agiam como adultos. E suas sombras de fato se alongavam, como se há muito tempo já tivessem deixado de ser criança. E seguiam, como a sociedade em que viviam lhes exigia... Voltavam para suas rotinas, deixavam de lado sua liberdade, prendiam-se, controlavam-se, mediam seus atos para não fazer o que tinham vontade ou o que, supostamente, não deviam. Mas enquanto andavam rumo ao que nos consome e nos devora, deliciavam-se com as lembranças de um momento incrível, que passava, e não deveria ser lembrado.
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PS. A imagem complementa o texto, embora queiram dizer coisas diferentes. Ela adiciona algo de suma importância que não foi dito.
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