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quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Toda morte é um acidente

A concentração é uma coisa indiscutivelmente mágica e à ventura. À propósito, já de adianto, o assunto é esse mesmo: ventura. Estava eu imaginando estar concentrada, ou pelo menos aplicando toda a minha força de vontade para tal nos meus estudos, quando leio a seguinte passagem "quando a morte ou invalidez forem acidentes não haverá carência para o respectivo benefício" ora, minha mente vagante tintinou, e que morte não é acidental? Em nome de todos os finados suicidas e prováveis inválidos por causalidade genética, sua total descrença na vida e sua má formação intrauterina foram, por acaso, escolha? Não que eu esteja querendo discutir a lei, mas ainda não consigo conceber uma morte não acidental. Outro dia desses um parente distante morreu, estava em sua própria casa, sozinho, afirma-se que teve um ataque cardíaco, não sei ao certo quantos anos ele tinha mas é provável que tivesse menos que quarenta. Seu pai tem quase uma centena e ainda está vivo! Acho que sua morte não foi natural, assim como sua própria vida, vias de fato, um randômico acidente. Um garoto que morava na mesmo rua que eu, durante minha infância, se envolveu com drogas e levou um tiro, morreu no meio da rua, sua mãe viu seu corpo já sem vida. E dezenas de coisas assim acontecem 24/7. Ninguém começa algo com a certeza absoluta de como vai terminar, e se começa, provavelmente acaba se decepcionando. A verdade é que são muitos números sendo apostados, todo o tempo. O universo tem suas infinitas probabilidades. A entropia pode comprovar. Existir é um acidente. Casualidade. Imprevisto. Morrer também.