16:03 - BREAK. Recolhi minhas coisas e rapidamente as lancei desorganizadamente dentro da bolsa. Fui umas das primeiras a deixar a sala.
O sol do lado de fora fazia-se acolhedor, mas a claridade machucava meus olhos. Sentia-me flutuar, não parecia estar em mim mesma, não totalmente.
Já me sentia acolhida pela sombra das árvores quando deixei cair acidentalmente um papel, ainda correu-me pelo pensamento parar para pegá-lo, mas não poderia ser nada de importante. Pássaros cantavam nos arredores, em tom alegre - como eles costumam fazer em dias ensolarados que vêm após alguns dias de chuva - fazendo os sentimentos interiores da gente dançarem...
Atravessava a pista calmamente, quando avistei um Fusca amarelo, era um carro personalizado, mas não pude observá-lo melhor pois ele estava coberto com uma daquelas capas que usam como proteção às tinturas dos carros para que não sejam danificadas pelo sol, do modo como minha pele era, naquele exato momento.
Dobrei à esquina. Avistei minha loja de chocolates predileta mais à baixo, na mesma comercial. Sorri, com a alma. Poucas coisas ainda me faziam companhia de modo a aproximar-se tanto da plenitude como meus chocolates e cigarros. E quando se diz poucas, quer dizer-se quase nenhuma.
Adentrei a padaria de todas as sextas à tarde, e pedi, como costumeiramente fazia, meu suco de laranja. Observava, durante o tempo de preparo, as cortinas por trás do balcão, eram brancas e simples, pareciam até mesmo feitas à mão. Tomei meu suco. Sabe, eu sentia uma imensa paz interior, talvez por estar um pouco fora de mim, e quem sabe, não tivesse mais paz sem eu mesma. Sentia-me calma, calma como se ainda o fosse encontrar às 18:30...
Peguei minha comanda. Dirigi-me ao caixa. Saí tomando o caminho oposto para comprar meus chocolates. Aquele lugar tinha cheiro de amaciante, e isso me fazia relembrar do que nunca havia me esquecido... Senti-me não distante de casa, novamente.
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