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sábado, 19 de novembro de 2011

A casa está uma bagunça;



Entre. Fique à vontade, abra a geladeira se for de seu desejo. Pode levar contigo o que quiser quando for embora - todos sempre se vão, e não é apenas por um interstício de tempo, nunca é - bem, isso se ainda houver aqui algo que se queira.
Me levanto todos os dias e não há mais ninguém aqui dentro, conjecturo que devo ter dormido só. Sempre olho através da janela, mas nunca há beleza lá fora que me faça mudar, que me dê ânimo para arrumar todas essas coisas. Vazio. Ao meu redor as coisas se espalham, os sapatos, todos eles estão jogados em estado de entropia pelo chão, e dividem esses poucos metros cúbicos com mochilas, algumas peças de roupas, papéis de origens distintas; garrafas de cerveja se empilham nos cantos - onde algumas vezes, acidentalmente, repousam também algumas cinzas de cigarro - às vezes minha mãe as retira, às vezes não.
Meus livros dispersam-se por todas as superfícies elevadas, cômodas e mesas de estudos, e sujam-se; centenas empilhados, assim como se empilham meus planos de estudo, meu peso na consciência e as coisas que tenho por fazer...
Há sempre alguns copos com água aqui também, alguns já vazios, eu os trago para auxiliar na ingestão de alguns remédios, e sempre esqueço de levá-los de volta. Meu pai costuma reclamar. Ele reclama também da bagunça que está a minha vida, da falta de compromisso que tenho tido para com as coisas, da desordem da minha cama, ele me disse que eu deveria arrumá-la diariamente, mas costumo dormir sob vários objetos, por desleixo ou por pura embriaguez.
Bem, no fundo eu concordo com ele, concordo que eu deveria ajeitar toda essa desordem que ando levando minha vida, é verdade. Mas simplesmente não me restam mais forças, e tudo isso é apenas reflexo, de um dos ângulos, de como as coisas tem sido aqui por dentro, e eu não tenho como mudar... A felicidade às vezes transpassa essa porta, mas ela entra, e quase simultaneamente, me deixa. Todo o tempo. E só quem permanece aqui dentro comigo é a solidão, amor, que vez ou outra traz consigo a saudade e a tristeza.

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