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domingo, 23 de junho de 2013

Lá no Norte as coisas eram diferentes

Tantos filmes pra ver, tanta coisa pra ler, tantas coisas pra buscar, se informar, compartilhar... Que a gente até se esquece de viver.
Tenho esse costume, hoje mesmo passei cá o dia trancada até decidir que iria visitar minha avó.
Peguei as chaves, calcei algo, abri a porta... E eis que me deparo com aquilo tudo: há vida lá fora! E de uma beleza estarrecedora, fiquei paralisada ao ver a lua tão iluminada e bela. Foi emocionante.
Fui então fazer uma breve visita aos meus amados avós, chego lá e sou maravilhosamente recebida, como jamais serei em qualquer outro lugar nessa vida. É verdade. Não que me odeiem por aí (uns ou outros odeiam sim), nem que eu ande sendo mal recebida nos lugares, mas é que esse amor que meus avós tem por mim, bem... não existe igual. Parece que eu sou a melhor notícia do dia, a melhor coisa a passar por aquele portão, parece que eles sentem minha falta, e adoram, de verdade, a minha presença. Ai, como me sinto plena ali. Em casa.
Parece que quando chego e abraço minha avó, vejo que ela está bem, e contando suas histórias do Norte, todos os problemas, que os noto tão pequenos agora, se desfazem como fumaça em vento. Viajo em suas histórias, me imagino vivendo em seu tempo de juventude, ahhhh... como eu queria ter vivido nesses tempos de calmaria e paz! Ter ido à festas de vila, ter sido batizada na fogueira, ter sido roubada do meu noivo pelo meu amor proibido, ter fumado escondida do meu pai, mesmo recebendo o  fumo dele mesmo, rs. Os dias, os anos, passando tão devagar, tempo pra pensar, pra viver. Sabe? Parece que era tudo tão diferente. E essas não são conjecturas, são palavras de quem vivenciou tudo isso, e hoje me conta.
"Ah, eu adorava fumar. Adorava o cheiro do fumo, sabe? Hoje em dia me incomoda, eu não gosto. Mas parece que quando a gente fuma, o cheiro do fumo é o cheiro mais agradável que existe."
Quero guardar tudo que ela me diz, todas as tuas histórias, sua risada, suas expressões, seus olhares, a textura de sua pele tão frágil, envelhecida. Quero te abraçar mais vezes ainda, te pôr no colo, cuidar. Te dizer que te amo, mesmo com medo de chorar e te fazer chorar. Quero te dar a alegria de me ver formada, crescida.
Quero dar aos meus filhos o privilégio de te conhecer.

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