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quinta-feira, 13 de junho de 2013

Lady, where has your love gone?

Esses fins de tarde sempre me detiveram. Me captam o olhar e parecem me penetrar com tamanha intensidade que me levam a sentir algo, mesmo que por dentro não haja mais nada. Sempre foi assim.
Estranho o sol já estar se pondo, o ponteiro ainda não transpassou a marca do cinco. Mas é junho. Bem, nem sei ao certo se isso faz alguma diferença... Caramba! Já é junho... E todos os outros meses parecem ter se posto tão precocemente quanto este sol.
É junho, e eu já chorei tantas vezes esse ano, e me dou conta de que ainda é junho! Quantas lágrimas para serem divididas somente entre maio, abril, março, fevereiro e janeiro. Mas esses raios fracos e penetrantes que atravessam minha pele e a envelhecem mais a cada ciclo circadiano, eles me dão vontade de chorar uma vez mais. Não sei bem o porquê, não sinto tristeza, me sinto tranquila, tão em paz que até estou estranhando. Meu coração aparenta pulsar em seu ritmo usual. Mas esse horizonte que minha visão alcança, que parece tão oponente e rijo, real. Ele existe, penso que posso guardá-lo pra sempre, e no entanto, sei que daqui a três dias, senão antes, ele terá se perdido...Com toda sua majestosidade, ele terá simplesmente deixado de existir, até mesmo em minha memória.
E agora não sei mais se posso conter as lágrimas que começam a se amontoar nos cantos dos meus olhos, se posso empurrá-las de volta.
Tenho tanto medo que as coisas boas que me recordo ao observar esse horizonte de beleza inalcançável, e que revivo, e que por segundos me fazem plena... Tenho medo que esse passado se distancie tanto que eu já não possa alcançá-lo nem mesmo em momentos como esse, nem em memória.
E então, amor, o que seria de nós? O que seria da nossa existência tão real e sólida dentro daquele lago, num fim de tarde como esse? Existimos. É incontestável. Nossas peles molhadas se tocando, elas não podem ser desmentidas, nossa respiração ofegante, teu riso, teu cheiro, eles não podem ser negados se são, e foram tão reais, que são quase tangíveis... Mas e se eu não puder mais revivê-los como os revivo agora?

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