Chovia forte. Eu estava encharcada, mas não me importava. Eu nunca fui desse tipo de gente que prefere esperar a chuva forte passar para enfrentar seu caminho, eu sou imediatista, tenho pressa, mas não medo de me molhar. E de fato, eu não me importava com o frio que estava sentindo, o único sentimento que me fazia tremer era o desejo de ter você ali comigo. Queria segurar a sua mão, queria aquecer as minhas em você. Eu queria mesmo era reconhecer os teus lábios, sentir mais uma vez a tua pele, molhada. Queria que você enxugasse o meu corpo depois daquela chuva.
Me agradava que estivesse chovendo em mim, assim ninguém saberia distinguir as lágrimas, da chuva. Assim, ninguém saberia que aquelas gotas em minha face não vinham do céu, e sim do meu coração.
Eu não queria voltar para casa, não queria ter que enfrentar a minha realidade. Eu não queria ter que secar o corpo que eu só queria que você secasse. Eu não queria ver ninguém, eu nem sequer tinha alguém.
Eu queria ficar mesmo só, ali, de baixo daquela chuva, no frio. Só eu e aquela água que lavava meu corpo de todo toque que não fora o seu. Eu não queria de modo algum ouvir o meu próprio desespero. Preferia ficar ali, ouvindo os pingos que vinham do céu colidir em minha pele ou no chão. Por fim encontrei um lugar coberto, acendi meu último cigarro, e fiquei ali, mantendo meu rosto molhado...
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