Como desejei que aquelas mãos frias que segurei pela última vez não fossem as suas... Como eu quis ter me enganado, e por acidente ter segurado mãos erradas. Naquele momento desejei tanto que àquelas mãos frias que segurei fossem mãos de um outro qualquer, de um transeunte na rua, de um desconhecido sentado no banco ao lado... E então você diria baixinho ao meu ouvido "Amor, solte a mão deste rapaz desconhecido, se não nos atrasaremos!" e aí as mãos geladas teriam sido apenas um efêmero pesadelo - daqueles que se tem mesmo estando acordado - e eu olharia nos seus olhos, sorriria, inenarravelmente contente por ter me confundido. E você envolveria então minhas mãos, trêmulas do susto levado, nas suas, sempre aquecidas e simétricas às minhas. E me levaria para casa segura, inteira.
...
Mas aquelas mãos frias não deveriam ter sido as tuas. Nunca as tuas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário