Pages

sábado, 23 de julho de 2011

21/07

Eu precisava tomar uma decisão, não poderia ficar ali parada, esperando uma explicação para sempre. Então à tomei. Eu decidi seguir minha vida, mesmo com várias perguntas sem resposta na minha cabeça. Levantei da minha cama, ainda meio mole, com todas as forças escassas, abri a janela, e puxei o ar gélido e cortante para dentro dos pulmões. Lavei o meu rosto, colocando por cima de toda aquela angústia da saudade e da vontade de correr pros teus braços, um sorriso gentil, de pouca vontade. E por cima de toda a covardia de encarar todos os lugares nos quais estivemos juntos por medo da dor, por receio de ceder a minha vontade de deitar ali, onde costumeiramente deitávamos, e ficar, padecer, deixar minha dor e minha alma se esvaírem através das lágrimas que molhariam aquela grama, e à fariam nascer sempre verde e bela… Coloquei coragem, uma falsa coragem, encarei todos eles de perto, às vezes um pouco embriagada mas os encarei e senti o vazio fúnebre da sua ausência, a dor desleal de desejar com todas as forças apenas mais um abraço e ter como resposta o vazio da embriaguez e de apenas mais um trago… 
E eu caminhei em diversas noites frias, desejando-te ao meu lado, mas fechando os olhos para evitar que as lágrimas se formassem, e deixando os ruídos dos carros, dos passos, do vento me preencherem. Eu me sentia o tempo todo tão vulnerável, tão só, embora tivesse tantos amigos ao meu lado, eu sentia falta do mais importante, eu sentia falta do que costuma completar meu coração semi-concertado de outras quedas, do que costumava preencher o vazio que sempre ecoou dentro de mim.
E em todas essas noites, eu via tudo movendo-se com mais rapidez, o mundo com menos nitidez, mas sentia minha cabeça leve apesar de tudo. Sempre me serviram, as bebidas e os cigarros, eles certamente irritavam minha ferida, me faziam notar sempre mais minha solidão, porém ao mesmo tempo eles tornavam minha dor sempre suportável… Nunca à tirou de mim, nem sequer à tornou menor, apenas suportável

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Lembro de ti, recordo-me.
Em cada pedaço de mim que também é teu.
Eu tenho muito medo de ir, e deixar tudo isso para trás. Mas eu não quero ficar por medo, não seria justo; eu quero ficar por amor.
Eu pensei que pudesse esquecer certos velhos costumes, eu pensei que já nem me lembrasse de coisas passadas, eu pensei que pudesse enganar a mim mesma dizendo que essas coisas da vida em comum não ficavam marcadas. Não pensei que me fizessem falta umas poucas palavras. É que esse meu passado, de quando em vez, ainda me assombra e sinto falta de coisas que jamais pensei que sentiria.  
Eu decidi te deixar ir. Eu decidi parar de tentar segurar desesperadamente o nosso amor, que escorre como água pelas minhas mãos. Creio que quanto mais eu lutei para tentar mantê-lo mais ele se desfez em minhas próprias mãos.
Eu percebi que não posso mais tentar te obrigar a me amar e a ficar ao meu lado, como fazíamos antes…
Mas me perdoe se eu demorar a abrir as mãos que te seguram forte temendo ficar para trás, num passado remoto, temendo ter sido uma história de amor especial, temendo ser parte do que existiu de melhor algum dia, temendo estar junto no coração mas estar morta em vida, temendo perder o melhor de si para sempre. E se recusando a tornar-se apenas lembranças e nada mais, pelo resto de nossas vidas. 
Mas não se preocupe, estas mãos que te impedem, serão abertas… Assim que eu tiver forças suficientes para abri-las sem transparecer toda a dor que sinto e deixá-lo ser livre… Para sempre.

Prior;

Eu já perdi muito do que considerei importante um dia em minha vida, já vi dias mudarem, amizades se desfazerem, dia após dia assisti o rumo que minha vida tomava. Eu observava as estrelas, toda noite.
Mas elas nunca brilharam tão forte, e eu nunca havia sentido tanto medo ao respirar esse ar frio da noite em minha janela.
Eu tenho respirado dias melhores e enchido meu pulmão de alegria a cada inspiração. E isso me faz sentir tão bem que tenho medo. 
As coisas mudaram muito em minha vida. E nem é como se tudo fosse diferente, tudo é realmente muito diferente.
Enquanto parte de mim se sente muito feliz com essas mudanças, outra parte sente a dor impiedosa da saudade do que deixei para trás, de mim. E a maior parte do todo, sente medo.
E o que é o medo se não a recusa da possível e tão provável perda do que se tem de mais valioso?! Eu tenho medo, e suponho que todos que amam o tenham.
Eu tenho medo todos os dias, e às vezes tal sentimento me consome, me corrompe, me absorve as forças, e eu sinto o ar de meu pulmão se extinguir, sinto meus olhos umedecerem, e então algumas provas do meu medo incontrolado lavam seus beijos do meu rosto. 
Sim, aí então a dor pontiaguda e cortante da prévia de uma saudade de um tempo que ainda não se foi me preenche, mostrando-me o valor das coisas que “tenho” e a inestimável falta que me farão…
Mas as estrelas do céu ainda brilham, e com o embaçar dos olhos parecem estar cada vez mais distantes… 
(03/05)

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Hoje acordei mais leve, senti minhas feridas quase fechadas, como se minha respiração forçada não as abrissem e doessem ainda mais.
É que tem dias que meu peito parece estar aberto, e qualquer coisa que tenha contato comigo, até mesmo meus próprios pensamentos, provocam dores e urticações, e abrem cada vez mais essa ferida. Cada vez que falam de você, cada vez que ouço seu nome, cada vez que me lembro, e cada vez que te vejo, isso acontece. É quase o tempo inteiro.
Mas hoje, parece que, não sei... Parece estar ocorrendo um processo de cicatrização. Me sinto quase curada, e não fosse a ausência de outras tarefas que evitem a minha procura por notícias suas de qualquer maneira, eu estaria quase normal, quase como antes...
Hoje acordar foi menos dolorido, e olhar através da minha janela a bela visão do dia ensolarado lá fora, não me machucou tanto, nem senti aquela agonia de ver nascer mais um dia, nem meu coração apertar desesperado até uma pequena falta de ar que me força a levantar o mais rápido possível e conversar com alguém em busca de distração, tentando relaxar os músculos tensionados pela ausência de...
Já procurei saber de você, antes mesmo que você tenha acordado, eu considero isso uma doença da minha parte, gostaria de me curar desse vício, aliás, não só desse...
Eu nem sei o que está me machucando tanto, se é não te ter aqui, não ter mais o seu amor, não ver você me procurar, se é saber de toda a verdade, se é não poder fazer exatamente o que eu quero, como se houvesse algo me impedindo, ou se é meu desejo quase que incontrolável de ceder, eu mesma, e ir atrás de você lhe dizer qualquer coisa que me faça sentir melhor, e eu odeio isso.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Eu sei que talvez você nunca veja isso. Eu sei que o tempo em que você olhava esse blog todos os dias, pensava em mim, e se importava com os meus sentimentos passou... Há muito tempo.
Mas eu me lembro bem, me lembro tão perfeitamente como era o seu amor...
Eu mal posso acreditar em tudo que tem ocorrido.
Na verdade, não posso. Acho que por isso tenho sofrido tanto. Mas você não se importa...
Você mentiu tantas vezes para mim, algumas mentiras eu conhecia bem, outras eu as sabia mas tentava maquiá-las em verdade, e se tornaram quase reais para mim. E outras... outras você nunca me disse, eu pedi tanto que me contasse... Mas hoje eu sei, e elas são mentiras imperdoáveis.
Mas isso não muda o que eu sinto, nada muda.
Eu só vim pra dizer que eu nunca menti para você, e eu te disse, quando o notei, que meu amor por ti seria indelével.
É uma pena, porque quando te amei verdadeiramente você já não me amava mais.

Eu tenho tanto à dizer sobre "nós"

Eu tenho pensado tanto, tenho imaginado tantas justificativas para o que você tem feito sobre nós. Eu já imaginei tantas coisas. Já tive várias certezas durante apenas um dia, e são essas incertezas, o imaginar e o nunca saber que me torturam, dia após dia.
Tenho tantos escritos, tantos pensamentos concretizados, mas você tem tido tantas ações contraditórias que eles perdem o valor assim que escritos.
Eu tenho te amado tanto, e sentido tanta dor por isso.
Tenho te odiado tanto, e sentido tanto horror por isso.
Sabe, às vezes encaro certas situações com naturalidade, mas quando paro para analizá-las, quando paro tudo, e tento compreender o que tem acontecido mais uma vez, eu vejo o absurdo que estamos vivendo. Nada do que estamos deixando acontecer faz sentido. Eu não consigo aceitar essa escolha que você fez e mantém, você nunca parou para pensar no que está fazendo conosco?
Eu tenho pensado tanto sobre nós, que chego à beira da loucura, quase todos os dias. Os fatos se confundem, eu penso muito e no fim não sei nem o que pensar.
Eu tenho tanto à dizer sobre nós. Mas eu não tenho coragem... Eu não sei se...
"Eu quase consegui abraçar alguém semana passada. Por um milésimo de segundo eu fechei os olhos e senti meu peito esvaziado de você. Foi realmente quase. Acho que estou andando pra frente. Ontem ri tanto no jantar, tanto que quase fui feliz de novo. Ouvi uma história muito engraçada sobre uma diretora de criação maluca que fez os funcionários irem trabalhar de pijama. Mas aí lembrei, no meio da minha gargalhada, como eu queria contar essa história para você. E fiquei triste de novo. Hoje uma pessoa disse que está apaixonada por mim. Quem diria? Alguém gosta de mim. E o mais louco de tudo nem é isso. O mais louco de tudo é que eu também acho que gosto dele. Quase consigo me animar com essa história, mas me animar ou gostar de alguém me lembra você. E fico triste novamente. Eu achei que quando passasse o tempo, eu achei que quando eu finalmente te visse tão livre, tão forte e tão indiferente, eu achei que quando eu sentisse o fim, eu achei que passaria. Não passa nunca, mas quase passa todos os dias. Chorar deixou de ser uma necessidade e virou apenas uma iminência. Sofrer deixou de ser algo maior do que eu e passou a ser um pontinho ali, no mesmo lugar, incomodando a cada segundo, me lembrando o tempo todo que aquele pontinho é um resto, um quase não pontinho. Você, que já foi tudo e mais um pouco, é agora um quase. Um quase que não me deixa ser inteira em nada, plena em nada, tranqüila em nada, feliz em nada. Todos os dias eu quase te ligo, eu quase consigo ser leve e te dizer: “Ei, não quer conhecer minha casa nova?” Eu quase consigo te tratar como nada. Mas aí quase desisto de tudo, quase ignoro tudo, quase consigo, sem nenhuma ansiedade, terminar o dia tendo a certeza de que é só mais um dia com um restinho de quase e que um restinho de quase, uma hora, se Deus quiser, vira nada. Mas não vira nada nunca. Eu quase consegui te amar exatamente como você era, quase. E é justamente por eu nunca ter sido inteira pra você que meu fim de amor também não consegue ser inteiro… Eu quase não te amo mais, eu quase não te odeio, eu quase não odeio aquela foto com aquelas garotas, eu quase não morro com a sua presença, eu quase não escrevo esse texto. O problema é que todo o resto de mim que sobra, tirando o que quase sou, não sei quem é."