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sexta-feira, 11 de setembro de 2015

Às vezes era como se fosse quem afoga,
às vezes era como se fosse a própria vaga do oceano.
Aquela manhã era como se um dilúvio a tivesse invadido, e em meio às intempéries, ondas enormes quebravam na costa de seus pensamentos fazendo aquele barulho aprazível, ainda que brutal. Confusa ainda, sem saber-se acordada ou sonhando ela tateava em busca de algo concreto em que pudesse esboçar a profusão de pensamentos que se debatiam dentro dela, ela queria uma garantia de que se lembraria daquilo, não era a primeira vez que lhe ocorria, mas os pensamentos eram muitos, eram vagas!, e vagueavam, densos, agitados, indômitos, não faziam fila, não esperavam sua vez, e iam logo montado um sobre o outro, integrando-se caoticamente, perpassando-se, eles jorravam violentamente e suas emoções acompanhavam-nos. Mas rapidamente também iam-se, a mente se esvaziava e restavam-lhe dúvidas enormes: o que era tudo aquilo?  Sonho?  Não, não eram sonhos, sonhos não tinham aquela forma, aquela força, mas talvez fosse algum tipo diferente de sonho. E o que queriam dizer, afinal? A memória ia se esvaziando pouco a pouco, como uma maré que baixa... Já não sabia mais. Que horas eram?!, de súbito se questionou, ainda nem nascera o sol e ela já estava travando aquela batalha consigo mesma (o mar nunca dorme!), melhor mesmo era levantar-se, pensou, deixar que a maré se acalme por si só e ir ter com suas obrigações, o que a esperava a distraía de toda e qualquer reverberação de alma.
E calando-se,

foi. 

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