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quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Às vezes dá uma moleza nas pernas, uma falta de ar, uma dorzinha pontiaguda no estômago, como que um anúncio solene de que a alma precisa descarregar-se. Mas você segura as lágrimas, economiza porque você vai precisar delas mais tarde. Mas fica, aquele aperto no peito. Fica aquele zumbido na cabeça. E fica aquela agitação infeliz da alma, o desespero das coisas que não se pode evitar.
É uma paz angustiada. É um aguardar nem paciente, nem ansioso, mas um aguardar que gostaria de ser perpétuo, que se consumasse em um adiar indelével. Você não sabe como, ou quando, mas você sabe que vai acontecer, e isso é hediondamente doloroso. Só o pensar, o imaginar.
Parece que estamos vivendo sob ameaça constante. No mesmo momento que tudo parece tão bem, tudo parece estar em sintonia, e que todos já se acostumaram e aceitaram as coisas como elas são... Parece que por trás, serena e discreta, está sempre uma angústia resguardada. No mesmo instante que estamos todos inteiros e felizes, estamos todos tristes e despedaçados.
E você me diz que ele chorou. Vocês choraram. Nós choramos. Até hoje nós choramos, mesmo em meio há tantos risos, e risos sinceros, em nenhum momento eu fingi estar bem. Mas parece que estar bem é isso. Estar bem é intrínseco a isso. Estar bem é nunca deixar pra trás o que fomos. É aceitar o que somos e nunca, nunca nos afastar completamente do que éramos.

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