"E aí, como vai?" Eu perguntava à mim mesma em frente ao espelho. E caindo automaticamente para a caixinha de perguntas sem respostas, esta mesma se silenciava.
Já era verão, mas desde que o novo ano ingressara eu não me recordava de ver o sol. Tempestades de verão, isso era comum na minha cidade, mas eu também não me recordava se isso costumava se prolongar tanto.
Janeiro, um novo ano. Que não tinha nada de tão novo assim, as coisas continuavam quase iguais, só que molhadas. E eu, mais indiferente a cada nascer do sol. Tenho desconfiado que fiquei mesmo em um passado remoto. Não que eu acredite nessa superstição de ano novo, recomeço, vida nova, grandes mudanças... Pra mim intervalos são fins de ciclos, e os ciclos da vida das pessoas não tem data pra começar e acabar, e não se comemoram com votos de esperança, abraços e champagne. Então pra mim, 2012 seria uma continuação estranha de 2011.
Desconfiei de ficar no passado, mas na verdade, eu já havia ficado em partes há muito tempo, só que agora desconfio que fiquei por inteiro... Tenho estado meio distante, até de mim. E eu já não sei mais como me sinto, nem sei se sinto.
Há muito não escrevo, e nem penso em como estou, e sobre o que sinto. Estou esperando pelo fim de cada dia, ansiosa pelo fim dos próximos. Mas não tem sido tão ruim assim.
Sempre que me permito viajo, daqui mesmo desta cama que lhos escrevo, para a Itália, Veneza, sinto o cheiro imaginário de um lugar úmido e ensolarado, viajo para o corpo de Marlena, e amo um outro você. E essa é apenas uma de minhas agradáveis e aliviantes viagens pra longe dessa realidade. Já fui para mais distante, já chorei sentindo as dores de outras pessoas. E me distraí de mim. E fiquei pequeninha aqui dentro, e desaprendi sobre a minha própria dor, e fui feliz por outras pessoas.
Sabe, às vezes se deixar de lado é um ótimo remédio.
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