Eu aqui, da minha janela, entre um filme, uma música ou um
livro, e nada, me pego levantando questões inquietantes ao universo.
Por que nós? Somos tão diferentes, tão absolutamente
desiguais.
Por que nós? Por que não podemos estar um ao lado do outro.
Por que não podemos nos ajudar? Nós que conhecemos tão bem um ao outro, e ainda
não o suficiente, e nunca. Só nós.
Eu, que nenhum outro
alguém jamais conheceu, além de nós. Por que manter afastado a coisa que mais
me fazia bem em todo esse gigantesco universo? Meu bem, eu queria ser um indivíduo qualquer, que se encontra contigo nos sobe e desces do elevador do
teu prédio, e queria apenas conversar com você, e que pudéssemos ter quaisquer
divagações. Eu só queria poder ouvir você falar, expor suas idéias. Em todas as
viagens eu poderia me manter calada, em todas elas, eu só queria te ouvir,
explorar tua mente, tuas idéias... Ir profundo. Ou raso. Ou nem ir. Só ouvir.
Nem que fosse uma gargalhada provocada pelo incomodo da falta do que dizer.
Eu só me sinto cansada, saturada dessas pessoas rasas.
Dessas mentes pequenas. Eu me sinto sufocada por assuntos que já não suporto
mais. Por mentes conflitantes. Por personalidades distorcidas. Gente que quer a
todo o custo ser melhor, sendo o pior.
Você é meu refúgio quando tudo e todos nesse mundo me fazem descrer. Meu esconderijo na antiga sebe. Eu sou
Sofia, e você o meu filósofo. Você é o lugar que eu chamaria de lar no mundo. É a
quem recorro, mesmo sem dirigir-lhe a palavra. Você é o meu mestre, o que
mantem o meu interesse pela vida. É como se todos estivessem no fundo da
pelagem do coelho e apenas nós dois na extremidade, vendo toda a beleza do
universo. É egoísta. É preconceituoso. Mas é como se apenas nós pudéssemos ter
a visão mais bela do pico de uma montanha, e você foi quem me levou até lá.
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